Wednesday, September 03, 2008

Em busca de algo...

O gin volta a mim, volto-me a sentir consciente... A nicotina volta aos meus pulmões, volto a respirar.

É nesta decadência que me encontro, no vazio. No meu vazio, no meu local de ódio, desilusão e de quase todas as outras emoções que as pessoas 'normais' temem. Aqui sou eu, aqui não há quem questione as minhas opções, não há quem olhe de lado pelas opções tomadas. Aqui não há certo, não há errado, nem justo ou injusto. Aqui apenas há vontade.

Vontade de viver, morrer, lutar, esmorecer, isso não sei. Apenas sei que a rendição não é opção. Regresso hoje ao meu local, que no fundo nunca abandonei. Olho em volta e vejo as antigas campas, antes morrer que render, a única verdade deste local. Este local é meu e defende-lo-ei com a minha morte ou com a minha vida.

Isso faz-me pensar o que estou eu agora? Morto ou vivo? Já não o sei há tanto tempo. O momento que aguardava chegou, mas não da forma que esperava. A opção que iria tomar foi tomada por mim. Era a mesma que eu iria tomar, mas não ter o poder de a tomar sabe a desilusão. O caminho sabe sempre melhor quando somos nós a trilhá-lo e apesar do rumo decidido coincidir com o da realidade o sabor não é o mesmo.

Se calhar por isso volto aqui, ao local onde as decisões são apenas minhas e o controlo é absoluto. O novo caminho ainda não pode ser trilhado, contudo pode ser planeado. Sempre soube que a minha vida não contemplava a estabilidade, mas mesmo assim procurei-a. Assentar um dia, o sonho dos loucos. Nunca fui assim... o estranho é que nunca o pretendi até recentemente. Mas para quê? para me sentir normal? porque me sentia bem? não sei... No vazio, sinto-me completo. Só eu e a minha mente... Navegando pelos domínios de Charon... Chamando de meu aquilo que ninguém quer, ou aquilo que muitos buscam e poucos alcançam.

Retomar o controlo, voltar a partir à aventura, voltar a sonhar por algo mais. O meu anjo clama que volte para ela, volte ao meu local de viagens, ao meu local de vontade. Voltar a vestir a minha armadura de couro e bronze. Voltar a erguer o meu escudo, fazer mais uma carga, quem sabe senão a última. Pela última vez mostrar o meu brazão, mostrar o que defendo, caír a defender o que é meu, alcançar a honra apenas reservada aos grandes. Voltar a ser eu, um guerreiro de ideias e ideais.

Contudo estou mais velho, já escolho melhor as minhas batalhas, já não me atiro de frente ao meu adversário. Estudo-o, provoco-o, até o poder ter completamente ao meu alcance e bastar dar apenas a estocada final. Poderei estar mais sábio e já não gastar tanta energia no combate em si, mas sinto falta daquele embate de escudos onde dois guerreiros orgulhosos iniciavam um combate glorioso. Se calhar volto em busca dessa vontade, dessa fúria orgulhosa apenas reservada aqueles poucos que ousam entrar em combate sem nada a perder e a quem a morte só traz honra.

Encontro-me em busca do meu novo/velho caminho. Talvez em busca de uma nova batalha, de novos companheiros, de novos escudos preparados a tombar em batalha junto ao meu... Por outro lado talvez apenas busque um novo sonho no qual acreditar, aquela centalha que faz a maior parte sonhar... Talvez um misto dos dois, uma batalha com a qual sonhar, um embate a desejar, reservar o meu lugar no banquete de Odin...

Trace eu como traçar o que resta do meu tempo, é bom saber que estará alguém há espera...

Há quem espere por nós assim
Mesmo ao meio da rota do fim
Há quem tenha os braços abertos
Para nos aquecer
E acenar no fim

Há quem tema por nós assim
Quando os barcos partem por fim
Há quem tenha os braços fechados
Com beijo jurado
Eu voltarei pra ti
(Trovante, Luís Represas, Peter's)

Para aquela que sempre esteve comigo, o meu único anjo, o meu único barqueiro. Muitos aguardaram na margem, só tu nunca desisteste. Voltarei para ti, com mais sangue que nunca. Venderei caro o meu escudo... como te prometi.



Tormentedly Yours
Mente Atormentada