Voltar a pensar
Quantas vezes já comecei a escrever estas palavras? De quantas maneiras já o fiz? Já o tentei na minha lingua materna, na lingua que adoptei como minha e nunca conseguia passar da primeira frase.
Sinto-me fraco, derrotado, sem sítio para onde ir nem sítio onde ficar. Todas as batalhas ao longos dos anos foram minhas, podia não estar sozinho mas a batalha era minha e só minha. Com o passar do tempo fui travando menos batalhas, dizia a mim mesmo que era da idade, adquirira algum juízo, algum savoir vivre; mas à medida que o tempo passa cada vez me convenço menos disso.
Penso que terá sido apenas o meu eu a desaparecer, a recolher-se no interior ao ponto de quando me olho ao espelho não me reconheço. Não por estar diferente fisicamente, apenas por não conhecer aquele rosto cansado e enfraquecido que vejo. Por muito mal que estivesse quando me "enterrei" pela última vez sempre me conheci, melhor ou pior, neste momento sou apenas mais um. Algo que nunca quis ser e ao mesmo tempo sempre desejei, é giro como nos dizem sê tu próprio e ao mesmo tempo esperam que te integres sem levantar muitas ondas. Sempre gostei de levantar ondas, medo de estagnar talvez, medo de ver que pouco tinha para além disso, não sei.
Apenas sei que neste momento não me conheço, sei onde estou, sei quem fui, sei quem sou, ainda não sei quem serei. Não sei se esta viagem tem caminho de volta, não sei se parti sequer, sei que a fossa se adensa. Agora que vou perder, ainda que temporariamente, o meu salvo conduto mental e voltar para perto do passado sinto algo em mim a desaparecer, algo em mim a apodrecer. É giro que apesar de estar no mais em baixo que me conheço, sinto-me estranhamente confortável, o cheiro a casa, o cheiro a desespero.
É aqui que me reencontro, é aqui que pego nos restos de uma existência e crio uma nova, o fim de um ciclo. Mais um, digo eu, um novo renascer, estarei pronto para largar o que tenho? tudo o que criei ao longo destes últimos anos? dizem-me que não tenho de largar tudo, mas eu sei como funciono. Se calhar é isso que temo, ser eu próprio, ser aquilo que sempre fui, uma pária, uma memória passageira que se fala ao recordar o passado. Dizem que o mundo é mudança, mas apenas mudei quem fui e sou por fora, por dentro contínuo o mesmo idiota doentio que sempre fui, o mesmo passageiro extra numa viagem ao qual convidam para entrar e só quer fugir porque não pertence ali, não pertence a lado nenhum apenas ao vazio.
Sinto-me fraco, derrotado, sem sítio para onde ir nem sítio onde ficar. Todas as batalhas ao longos dos anos foram minhas, podia não estar sozinho mas a batalha era minha e só minha. Com o passar do tempo fui travando menos batalhas, dizia a mim mesmo que era da idade, adquirira algum juízo, algum savoir vivre; mas à medida que o tempo passa cada vez me convenço menos disso.
Penso que terá sido apenas o meu eu a desaparecer, a recolher-se no interior ao ponto de quando me olho ao espelho não me reconheço. Não por estar diferente fisicamente, apenas por não conhecer aquele rosto cansado e enfraquecido que vejo. Por muito mal que estivesse quando me "enterrei" pela última vez sempre me conheci, melhor ou pior, neste momento sou apenas mais um. Algo que nunca quis ser e ao mesmo tempo sempre desejei, é giro como nos dizem sê tu próprio e ao mesmo tempo esperam que te integres sem levantar muitas ondas. Sempre gostei de levantar ondas, medo de estagnar talvez, medo de ver que pouco tinha para além disso, não sei.
Apenas sei que neste momento não me conheço, sei onde estou, sei quem fui, sei quem sou, ainda não sei quem serei. Não sei se esta viagem tem caminho de volta, não sei se parti sequer, sei que a fossa se adensa. Agora que vou perder, ainda que temporariamente, o meu salvo conduto mental e voltar para perto do passado sinto algo em mim a desaparecer, algo em mim a apodrecer. É giro que apesar de estar no mais em baixo que me conheço, sinto-me estranhamente confortável, o cheiro a casa, o cheiro a desespero.
É aqui que me reencontro, é aqui que pego nos restos de uma existência e crio uma nova, o fim de um ciclo. Mais um, digo eu, um novo renascer, estarei pronto para largar o que tenho? tudo o que criei ao longo destes últimos anos? dizem-me que não tenho de largar tudo, mas eu sei como funciono. Se calhar é isso que temo, ser eu próprio, ser aquilo que sempre fui, uma pária, uma memória passageira que se fala ao recordar o passado. Dizem que o mundo é mudança, mas apenas mudei quem fui e sou por fora, por dentro contínuo o mesmo idiota doentio que sempre fui, o mesmo passageiro extra numa viagem ao qual convidam para entrar e só quer fugir porque não pertence ali, não pertence a lado nenhum apenas ao vazio.
Já fui tudo, já fiz tudo e contínuo a ser Ninguém
Ando perdido há demasiado tempo, sei quem sou há ainda mais tempo e contudo contínuo a errar por este mundo sem destino. A certeza sempre foi a minha maior inimiga e amiga ao mesmo tempo, era o que me levava para a frente e o que me fazia olhar para trás, contudo nunca hesitei um momento que fosse ao longo do meu percurso. Sabia de onde vinha, onde estava e para onde julgava que queria ir, mas nunca estive totalmente bem. Era como uma droga da próxima vez vou fazer tudo bem e voltava a cair nos mesmos buracos, não sei se já cai no buraco ou por ainda não ter caído estou com medo de avançar. Não sei, nem interessa que o saiba, a única coisa que interessa é que tenha a capacidade de uma vez mais me encher de certezas e continuar, seja o que vier a seguir bom ou mau, o importante é seguir viagem; se queimo ou não o que construí não interessa, preciso apenas de andar.
É curioso que quando nos deleitamos a recordar o que fomos, o que passamos e quem nos marcou, voltam também as velhas lesões, as velhas dores, com mais persistência e mais intensidade que nunca. A dor nunca me assustou, bem antes pelo contrário uma velha amiga, mas chegar ao ponto em que cocheamos por causa disso já não nos agrada. Aliás cochear graças ao passado nunca é bom, quer seja mental ou fisicamente, mas a dor por vezes ajuda-nos a analizar melhor as coisas.
Contemplo agora por breves instantes o que se tornou a minha casa e que em breve o vai deixar de o ser, voltando ao mesmo cemitério onde estiva outrora, voltando ao que foi o meu passado, buscando incessantemente por um futuro.
Ao retomar o meu lugar neste local de reflecções, destruíções, mortes e desperos, espero apenas voltar a pensar, voltar a criar, voltar quem sabe a conseguir viver ou morrer. Assim me despeço de mais uma noite onde negro toma conta, onde nem a lua tenta brilhar.
É curioso que quando nos deleitamos a recordar o que fomos, o que passamos e quem nos marcou, voltam também as velhas lesões, as velhas dores, com mais persistência e mais intensidade que nunca. A dor nunca me assustou, bem antes pelo contrário uma velha amiga, mas chegar ao ponto em que cocheamos por causa disso já não nos agrada. Aliás cochear graças ao passado nunca é bom, quer seja mental ou fisicamente, mas a dor por vezes ajuda-nos a analizar melhor as coisas.
Contemplo agora por breves instantes o que se tornou a minha casa e que em breve o vai deixar de o ser, voltando ao mesmo cemitério onde estiva outrora, voltando ao que foi o meu passado, buscando incessantemente por um futuro.
Ao retomar o meu lugar neste local de reflecções, destruíções, mortes e desperos, espero apenas voltar a pensar, voltar a criar, voltar quem sabe a conseguir viver ou morrer. Assim me despeço de mais uma noite onde negro toma conta, onde nem a lua tenta brilhar.
Tormentedly Yours
Mente Atormentada
Mente Atormentada